sexta-feira, 29 de abril de 2011

Sabemos ou Não oque é o AMOR?


 A necessidade de segurança nas relações gera inevitavelmente o sofrimento e o medo. Essa busca de segurança atrai a insegurança. Já encontrastes alguma vez segurança em alguma de suas relações? Já? A maioria de nós quer a segurança no amar e no ser amado, mas existirá amor quando cada um está a buscar a própria segurança, seu caminho próprio? Nós não somos amados porque não sabemos amar.
O que é o amor? Esta palavra está tão carregada e corrompida, que quase não tenho vontade de escrevê-la. Todo o mundo fala de amor - toda revista e jornal.Amo a minha pátria, amo o meu rei, amo um certo livro, amo aquela montanha, amo o prazer, amo meu namorado, amo á Deus. O amor é uma idéia? Se for, pode então ser conservado com carinho, moldado, torcido de todas as maneiras possíveis. Incapazes, que somos, de compreender essa coisa humana chamada amor, fugimos para desilusões. O amor pode ser a solução final de todas as dificuldades, problemas e aflições humanas. Assim, como iremos descobrir o que é o amor? Pela simples definição? A Igreja o tem definido de uma maneira, a sociedade de outra. A adoração de uma certa pessoa, o amor carnal, a troca de emoções, o companheirismo - será isso o que se entende por amor? Essa foi sempre a norma, o padrão, que se tornou tão pessoal, sensual, limitado, que as religiões declararam que o amor é muito mais do que isso. Naquilo que denominam "amor humano", vêem elas que existe prazer, competição, ciúme, desejo de possuir, de conservar, de controlar e, sabendo da complexidade dessas coisas, dizem as religiões que deve haver outra espécie de amor – divino e belo.
 Pode o amor ser dividido em sagrado e profano, humano e divino, ou só há amor? O amor é para um só e não para muitos? Se digo "Amo-te", isso exclui o amor a outro? O amor é pessoal ou impessoal? Moral ou imoral? Familial ou não familial? Se amar a humanidade, pode amar o indivíduo? O amor é sentimento? Emoção? O amor é prazer e desejo? Todas essas perguntas indicam - não é verdade? - que temos idéias a respeito do amor, idéias sobre o que ele deve ou não deve ser, um padrão, um código criado pela cultura em que vivemos.
Assim, para examinarmos a questão do amor - o que é o amor - devemos primeiramente lançar fora todos os ideais sobre o que ele deve ou não deve ser. Ora, como iremos saber o que é essa chama que denominamos amor - não a maneira de expressá-lo, porém o que ele próprio significa? Então uns problemas imensos, que interessa a toda a humanidade; há milhares de maneiras de defini-lo e eu próprio me vejo toda enredada ou naquele padrão, conforme a coisa que, no momento, me dá gosto ou prazer. Para compreender o amor, não devo em primeiro lugar libertar-me de meus preconceitos? Vejo-me confusa pelos meus próprios desejos. Talvez tenha a possibilidade de descobrir o que é o amor através do que ele não é “. Portanto, quando uma pessoa ama, deve haver liberdade - a pessoa deve estar livre, não só da outra, mas também de si própria.
No estado de pertencer a outro, de ser psicologicamente nutrido por outro, de outro depender - em tudo isso existe sempre, necessariamente, a ansiedade, o medo, o ciúme, a culpa, e enquanto existe medo, não existe amor. A mente que se acha nas garras do sofrimento jamais conhecerá o amor; o sentimentalismo e a emotividade nada, absolutamente nada, têm que ver com o amor. Por tanto, o amor nada tem em comum com o prazer e o desejo.
O amor não é produto do pensamento, que é o passado. O pensamento não pode de modo nenhum cultivar o amor. O amor não se deixa cercar pelo ciúme; porque o ciúme vem do passado. O amor é sempre o presente ativo. Não é "amarei" ou "amei".
Não sabe o que significa amar realmente alguém - amar sem ódio, sem ciúme, sem raiva, sem procurar interferir no que o outro faz ou pensa, sem condenar, sem comparar - não sabe o que isso significa? Quando há amor, há comparação? Quando ama alguém de todo o coração, com toda a vossa mente, todo o vosso corpo, todo o vosso ser, existe comparação? Quando você abandona completamente a esse amor, não existe "o outro".
O amor tem responsabilidades e deveres?
Quando chora por você mesmo, será isso amor? - chorar porque fica sozinha, porque perde o seu poder. Se compreender esse fato, e isso significa pôr] em contato com ele tão diretamente como quando toca uma árvore ou uma coluna ou uma mão, verá então que o sofrimento é produto do "eu", o sofrimento é criado pelo pensamento, o sofrimento é produto do tempo.
Ao perguntar o que é o amor, pode ter muito medo de ver a resposta. Ela pode significar uma completa reviravolta.
Se souber amar, pode fazer o que desejar, porque o amor resolverá todos os outros problemas.
 Pode a mente encontrar o amor sem precisar de disciplina, de pensamento, de nenhum livro, instrutor ou guia - encontrá-lo assim como se encontra um belo pôr-do-sol?
 O amor é coisas novas, frescas, vivas. Não tem ontem nem amanhã. Está além da confusão do pensamento. Só a mente inocente sabe o que é o amor, e a mente inocente pode viver no mundo não inocente. Só é possível encontrá-la, essa coisa maravilhosa que o homem sempre buscou por meio de sacrifícios, de adoração, das relações, de toda espécie de prazer e de dor, só é possível encontrá-la quando o pensamento, alcançando a compreensão de si próprio, termina naturalmente.
 

Um comentário:

  1. Hoje eu publiquei no blog a definição de Amor.


    Que bom que você gostou do meu poema Mude! Porém, ao contrário do que você diz, não é de Clarice Lispector. Assim como você, muita gente supõe erradamente que esse poema é de Clarice.
    Mas não é.
    No meu blog publico todas as "provas" de que sou o autor:
    1. Registro do poema Mude na Biblioteca Nacional em agosto de 2003.
    2. Livro Mude, editado pela Pandabooks, com prefácio de Antonio Abujamra.
    3. CD Filtro Solar, Pedro Bial, onde na faixa 4 o Mude foi publicado (contrato que fiz com a Sony Music). Veja interpretação original de Simone Spoladore: http://www.youtube.com/watch_popup?v=AZSdGQ-MrXY&rel=0
    4. Veja também o vídeo Mude, completo, que foi comercial da Fiat: http://www.youtube.com/watch?v=NTZ7AGvT44Y
    Enfim, o que o escritor mais gosta é disso mesmo: ver sua obra reconhecida -- ainda que com autoria "transferida" para Clarice Lispector...
    Espero que, mesmo agora sabendo que não é de Clarice, você mantenha o texto em seu blog. E, se puder, corrija a autoria.
    Mude,
    Mas comece devagar,
    Porque a direção é mais importante que a velocidade.
    Veja o poema na íntegra em http://www.Mude.blogspot.com

    Abraços!

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